A braquiterapia é um procedimento utilizado no tratamento do cancro de próstata, caracterizada pela introdução de pequenas fontes de radiação diretamente na glândula prostática.
1. O que é a braquiterapia da próstata?
A braquiterapia é um tratamento que utiliza a radiação para destruir células cancerígenas. No caso da próstata, pequenas sementes radioativas, geralmente de iodo-125, paládio-103 ou Iridium-192, são implantadas diretamente na glândula prostática. Essas sementes libertam radiação numa área muito restrita da próstata, preservando os tecidos ao redor da próstata
Existem dois tipos principais de braquiterapia para a próstata:
- De baixa taxa de dose (LDR): as sementes permanecem na próstata de forma permanente, mas com radiação de baixa intensidade.
- De alta taxa de dose (HDR): as fontes radioativas de alta intensidade são temporariamente inseridas na próstata e retiradas após o tratamento.
2. Para quem está indicada?
A braquiterapia tem indicações muito específicas. A maioria dos cancros da próstata tem como primeira escolha outras estratégias de tratamento. Esta forma de radioterapia localizada está indicada principalmente em homens com cancro da próstata localizado (estágio inicial), que não apresentaram metástases e possuem uma expectativa de vida razoável. Alguns critérios que tornam o paciente ideal incluem:
- Níveis de PSA baixos (geralmente abaixo de 10 ng/mL);
- Tumores de baixo risco ou risco intermédio
- Tamanho da próstata adequado, sem grandes dificuldades anatômicas para o procedimento e sen sintomas urinários.
Pacientes com cancros mais agressivos ou disseminados podem ser tratados com braquiterapia combinada com outras terapias, como por exemplo a radioterapia externa.
3. Como é realizado o procedimento?
O tratamento é realizado em etapas bem definidas. Existe uma avaliação inicial que inclui exames como a ecografia transretal e a ressonância magnética. Estes exames avaliam o tamanho e a localização do tumor. Posteriormente existe uma fase de planeamento em que um radioterapêuta, usando um software especializado, determina a quantidade e a posição exata das sementes ou fontes de radiação. Segue-se a implantação, normalmente sob anestesia, em que as sementes são introduzidas na próstata com a ajuda de agulhas guiadas por ecografia. O procedimento demora de 1 a 2 horas. Por fim a fase de acompanhamento em que a avaliação clínica e exames periódicos monitorizam a resposta ao tratamento nomeadamente através da avaliação dos níveis de PSA.
4. Quais são os possíveis efeitos colaterais?
Embora seja menos invasiva do que a cirurgia e tenha uma taxa de recuperação rápida, a braquiterapia pode causar alguns efeitos colaterais, que devem ser sempre considerados:
- Sintomas urinários: pode existir uma frequência urinária aumentada, ardência ao urinar ou dificuldade para esvaziar a bexiga, especialmente nos primeiros meses.
- Sintomas intestinais: embora menos comum pode haver desconforto ou até sangramento retal.
- A disfunção erétil pode ocorrer numa pequena percentagem de doentes submetidos a braquiterapia.
Esses efeitos geralmente são temporários e podem ser geridos com a introdução de medicação específica ou ajustes na estratégia de tratamento.
5. Quais são as vantagens e as taxas de sucesso da braquiterapia?
As principais vantagens incluem a alta precisão, a radiação é concentrada no tumor, minimizando os danos aos tecidos vizinhos, ser um procedimento ambulatório: muitos pacientes têm alta no mesmo dia, e existir uma recuperação rápida, em que as atividades normais do dia a dia podem ser retomadas em pouco tempo. As taxas de sucesso da braquiterapia são elevadas para cancros localizados e pouco agressivos. Os estudos mostram que, em até 90% dos casos, os pacientes permanecem livres da doença após 10 anos, dependendo da agressividade do tumor e de fatores individuais.
Conclusão
A braquiterapia é uma alternativa eficaz e menos invasiva para o tratamento do cancro da próstata nos estadios iniciais. Antes de se optar pelo procedimento, é essencial discutir com um especialista para avaliar se essa abordagem é a mais adequada ao caso individual.