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Sendo a família um sistema, as características e o comportamento de cada um tem repercussões no bem-estar geral e a nível individual de cada um dos seus membros. Problemas relacionados com a sua saúde física ou mental conduzem, por vezes, a situações de stress familiar. A família não é a mesma antes, durante e depois da doença. Os impactos familiares fazem-se sentir na estrutura, no processo familiar, nas emoções e na própria doença.
Quando pensamos no conceito de resiliência, de resistência perante a adversidade, atribuímos à pessoa a sua capacidade de ultrapassar dificuldades e obstáculos. A família como unidade também necessita de desenvolver estas capacidades.
O modelo de resiliência, stress, ajustamento e adaptação familiar de McCubbin e McCubbin (1993) visa explicar o potencial da família para lidar com situações de crise e compreender os fatores relacionados com o ajustamento e adaptação das famílias a situações de doença. Face a um evento stressante, caso do novo coronavírus, há necessidade de uma resposta efetiva. A família tenta manter o equilíbrio, para tal utiliza os recursos ao seu alcance, faz a avaliação da situação, utiliza os padrões de resolução de problemas e de coping familiar. Black e Lobo (2008) referem que a resiliência familiar consiste no coping bem-sucedido dos membros da família em situação de adversidade, que lhes permite desenvolverem-se (flourish) de forma calorosa, com suporte e coesão.
Normalmente ocorrem duas situações, que aplicadas de forma adequada, pressupõem um resguardo para a integridade afetiva do indivíduo e permitem superar a situação.
Estes dois processos são o afrontamento da situação e a adaptação à mesma. Quanto maior ou menor a capacidade que tenhamos em ambos os processos, também melhor ou pior será a resposta que damos à situação stressante que aconteceu.
O afrontamento depende do equilíbrio entre três fatores: o primeiro refere-se ao grau de conhecimento que temos da situação (quanto mais conhecermos o que se passa mais preparados estamos para o enfrentar); o segundo aspeto com a capacidade que se tem para lidar com a novidade e o terceiro, e provavelmente o mais importante com a situação emocional e com a capacidade de apoio afetivo.
A adaptação também depende de vários fatores (característicos pessoais, emocionais, apoios sociais externos, nível sociocultural, dinâmica conjugal e familiar, entre outros) que poderão conduzir ou não ao crescimento pessoal. Quem não reconhece a dificuldade que atravessa, resiste à mudança ou repete esquemas ineficazes de interação social, autobloqueia; pelo contrário quem tenta crescer com a situação, flexibiliza a sua postura, favorece as relações interpessoais e tenta encontrar novas formas de funcionar, evolui e cresce; estes conceitos de afrontamento e adaptação também se aplicam à família, e aos acontecimentos que a afetam.
A resiliência familiar implica através de estratégias de afrontamento, nomeadamente da comunicação, um fortalecimento nos laços; uma postura proactiva pode prevenir os problemas, a família prepara-se para desafios futuros, concentra-se nas metas, sabe apoiar os êxitos, aprende com o fracasso e ultrapassa conflitos através de posturas criativas e partilha de decisões; a comunicação deve ser clara, coerente e empática evitando acusações. Ao operar uma atitude otimista e de confiança enfrenta-se mais facilmente a adversidade. Os padrões de organização familiar refletem a flexibilidade e capacidade para a mudança.
Em suma: A família resiliente tem altos padrões de flexibilidade, vínculo familiar e sentido de coesão entre os seus membros. Aspetos como a transcendência e carga espiritual da família também colaboram com a sua transformação e crescimento frente à adversidade.
A coesão familiar aparece como um factor relevante na resiliência. Famílias coesas possuem valores, objetivos, prioridades, expectativas e visão de mundo definidos. Quando a família resiliente se confronta com uma situação de doença / stress tenta conseguir colaboração e procura de informação necessária tendo sempre como objetivo último o tratamento da mesma.
O surto de coronavírus COVID-19 teve início na China no final de 2019, começou na cidade de Wuhan, província de Hubei. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto uma pandemia; significa que há disseminação pelo mundo.
Este vírus causa sintomas semelhantes aos causados pela pneumonia, e pode levar à morte.
O sistema imunológico humano pode lidar com bastante facilidade com os coronavírus que rotineiramente afetam os seres humanos; mas quando esses vírus se disseminam de animais para os humanos, são mais difíceis de combater e tratar. Foi o que aconteceu com o surto de COVID-19, a maioria das primeiras pessoas afetadas teve ligação com um mercado de frutos do mar e animais vivos, o que sugere que o surto começou como uma versão animal. O vírus já se disseminou para mais de 100 países. EUA, China, Itália e Espanha registraram a maioria dos casos.
O vírus parece se disseminar quando as pessoas tossem ou espirram, e quando tocam em objetos / superfícies que contêm o vírus; este, pode sobreviver por 24 horas no papel, e por três dias no aço inoxidável e no plástico. Pessoas infetadas podem disseminar esse vírus mesmo que ainda não tenham sintomas (14 dias é considerado o período de incubação).
Não é possível dizer o que acontecerá com alguém infetado com COVID-19. O desfecho pode variar.
O que se sabe até agora:
• é mais provável que a infeção seja grave em pessoas idosas e com problemas crónicos de saúde; contudo, a maioria das pessoas com COVID-19 não fica gravemente doente
• aproximadamente 80 em 100 pessoas com COVID-19 têm uma doença leve
• cerca de 20 em 100 pessoas desenvolvem sintomas mais graves
• a maioria das pessoas que adoecem tem meia-idade ou mais. Mas alguns adultos jovens também ficaram muito doentes. As crianças parecem muito menos propensas que os adultos a ficarem doentes ou serem seriamente afetadas
• o vírus afeta homens e mulheres em números aproximadamente iguais, mas os homens parecem ter maior probabilidade de apresentar sintomas graves
O melhor e mais seguro é seguir as orientações sobre restrições de viagem, outras medidas de prevenção e sobre o que fazer se estiver doente; ajudará na auto e hétero proteção.
Fontes informação
Black, K., & Lobo, M. (2008). A Conceptual Review of Family Resilience Factors. Journal of Family Nursing, 14, 33-55.
McCubbin, M., & McCubbin, H. (1993). Families coping with ilness: The Resiliency Model Family Stresse, Adjustment, and Adaptation. In C. Danielson, B. Hamel-Bissell & P. Winstead-Fry (Eds). Families, Health & Ilness. Perspectives on coping and intervention (pp. 21- 63). St Louis: Mosby-Year Book.
BMJ(2020), Apr 11, Publishing Group Limited