Infeção congénita por citomegalovírus
Situação potencialmente grave que pode ser prevenida

O que é uma infeção congénita?
Infeção congénita é aquela que é transmitida pela mãe ao seu bebé ainda in-utero. Pode passar através da placenta durante a gravidez, ou pelo canal de parto durante o nascimento. É geralmente causada por vírus embora fungos e bactérias possam também ser implicados.
E o que é o citomegalovírus?
O citomegalovírus (CMV), é um vírus que circula em todos os países e afeta todas as idades. É o agente mais frequente de infeção congénita a nível mundial, atingindo 0.5 a 1% dos nados-vivos dos países desenvolvidos e cerca de 6% nas restantes áreas do globo.
A forma mais habitual de contágio é pelo contacto com secreções respiratórias, saliva e urina de doentes infetados ou em recuperação da doença. Durante a gravidez a infeção ocorre geralmente pela contaminação da grávida por uma criança em fase de excreção vírica, que frequentemente contrai a doença na creche ou no infantário.
Tal como outros vírus da família dos “herpesvírus”, após resolução da primeira infeção aguda, o citomegalovírus permanece latente no organismo humano podendo reativar e causar novamente doença em determinados momentos da vida. Isto significa que o CMV não confere imunidade a quem o contrai e que uma mulher grávida pode transmitir a doença ao seu bebé quer seja infetada pela primeira vez durante a gravidez ou se sofre uma reativação do vírus, após uma infeção antiga, durante a gestação. Para complicar a situação, há várias estirpes diferentes de CMV que podem causar novas infeções em pessoas que já tiveram previamente a doença
A infeção por CMV pode ser grave?
As manifestações da infeção por CMV são muito variáveis e dependem fundamentalmente do estado de saúde do hospedeiro. Nas crianças e adultos saudáveis são geralmente assintomáticas ou pouco sintomáticas, evoluindo de uma forma benigna. Podem, no entanto, ser muito graves em pessoas imunocomprometidas, em doentes transplantados e portadores do vírus da imunodeficiência humana. Também podem atingir com gravidade o feto em desenvolvimento, mesmo sendo este filho de uma mãe saudável.
CMV: vírus traiçoeiro na gravidez
Durante a gravidez, a infeção por CMV é particularmente problemática e de difícil diagnóstico passando geralmente despercebida na mãe. Felizmente, o bebé nem sempre é infetado, mas quando o é, um em cada cinco virá a ter consequências graves desta infeção ao longo da vida. A infeção congénita por CMV é:
Principal causa, a nível mundial, de surdez neurossensorial infantil não hereditária.
Causa importante de sequelas neurológicas na criança a longo prazo, tais como:
atraso de desenvolvimento psico-motor, atraso intelectual e dificuldade de aprendizagem
Infeção congénita por CMV, pode ser evitada?
Infelizmente pode não ser possível evitar completamente esta infeção, mas o risco de a contrair pode ser francamente diminuído, evitando o contacto com secreções respiratórias, saliva e urina de crianças pequenas ou de doentes infetados, não partilhando alimentos que tenham tocado estes grupos populacionais e lavando frequentemente as mãos. Estas medidas simples devem ser tomadas pela grávida e pelo seu companheiro alguns meses antes de uma gravidez planeada e durante toda a gestação.
Junho, mês de consciencialização para a infeção congénita por citomegalovírus
Este ano, a Sociedade Portuguesa de Neonatologia associou-se a um evento que decorre anualmente em vários países no mês de junho, “The cytomegalovirus awareness month”, com o objetivo de chamar a atenção para a infeção congénita por citomegalovírus, suas consequências e atitudes preventivas.
Leia os folhetos informativos desenvolvidos pelos neonatologistas portugueses, divulgue a informação pelos seus contactos e, se está gravida ou planeia uma gravidez, aborde este assunto com os profissionais de saúde.
Consulte mais informação em www.spneonatologia.pt
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