Irmãos – Contrariedade de sentimentos.

DA RIVALIDADE AO AMOR
É normal ter conflitos e problemas com pessoas com as quais convivemos diariamente. A relação em família é complexa, pois, cada ser humano é singular em relação à sua história, temperamento, idade, entre outros. Nos diversos relacionamentos, as diferenças individuais quanto às perceções e necessidades emergem, pois, cada pessoa forma a sua própria perceção e tem necessidades num determinado momento. Essas diferenças no contexto relacional tornam-se as bases dos conflitos. O conflito pode ser uma força criativa dentro da família, ou de qualquer outro sistema social, quando é encarado como oportunidade para a mudança.
NO JOGO RELACIONAL HÁ ALIANÇAS E LUTA PELO PODER
A rivalidade entre irmãos começa quando competem pelo amor, pela atenção e pelo respeito dos pais. Os desentendimentos entre irmãos fazem parte do crescimento. Os sinais mais frequentes são os insultos, discussões e vários comportamentos imaturos. Trata-se de uma fase difícil e dolorosa para alguns pais, mas, para as crianças, é uma forma de encarar desafios e vencê-los. Muitas vezes, estes conflitos significam que as crianças conseguem expressar os seus desejos e necessidades.
FATORES QUE MAIS POTENCIAM A RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS
1. Idade: irmãos com pequenas diferenças de idade rivalizam mais.
2. Posição: Irmãos do meio, também designados, muitas vezes, por “filho sandwich”: competem porque se sentem inferiorizados, quer em relação ao mais velho, quer em relação ao mais novo.
3. Género: irmãos do mesmo género têm tendência a rivalizar mais, pois, partilham gostos e objetos semelhantes.
A relação entre irmãos carateriza-se pela contrariedade de sentimentos: amor versus raiva. Isto funciona como uma mola impulsionadora da aprendizagem, constituindo um marco importante na estrutura psicológica da criança, tanto ao nível psíquico como social, e deve ser encarado como um processo de crescimento natural, desde que não atinja proporções de agressividade perigosas.
Naturalmente que à medida que crescem, o modo como os irmãos se relacionam vai mudando. Quando mais novos, os conflitos são mais físicos, mas, à medida que crescem, tornam-se mais verbais.
Por norma, a competitividade alcança o seu AUGE ENTRE OS 10 E OS 15 ANOS DE IDADE. Contudo, muitas vezes, também conseguimos identificá-la durante a vida adulta.
O QUE PODEM FAZER OS PAIS?
A criança precisa de sentir a segurança e o carinho de toda a família, fazendo-a sentir-se parte integrante do seio familiar. A participação da família é essencial e os pais devem cumprir o papel de juízes, com imparcialidade, se possível, sem interferir no conflito.
Kendall (1990) enfatiza que toda criança possui uma individualidade que deve ser respeitada. Nenhuma criança é igual à outra e merece ser tratada de acordo com a sua individualidade. Acresce, ainda, que o amor não é como um bolo que diminui de tamanho a cada fatia que se corta; pelo contrário, ele é ilimitado, pode-se amar um número potencialmente infinito de pessoas. Assim, os pais devem respeitar as necessidades específicas de cada filho, percebendo o que cada um, na sua individualidade e singularidade, necessita.
Os pais devem dar espaço para que os filhos manifestem os seus sentimentos
Porém, devem orientá-los na expressão desses sentimentos, de modo a que sejam socialmente aceites. Ensinar o filho a tornar-se um ser individual, e a desenvolver-se também como um ser social, é essencial ao processo de integração, à construção do sentido de pertença, seja pertencer a uma família, seja a uma sociedade e ao mundo.
É fundamental que os pais ensinem os filhos a transformar as suas vivências de rivalidade em aprendizagem de vida grupal, compartilhando, respeitando e crescendo um com o outro, tornando a relação familiar solidária, direcionada para o bem comum. Os pais não devem tomar partidos, mas, sim, incentivar os irmãos a falarem entre si, para que possam resolver os problemas.
A construção da estrutura familiar conta com a formação do casal, com as posições ocupadas pelos filhos, formando espaços, parental e filial, adequados ao desenvolvimento de todos. Esse processo envolve o amadurecimento psicológico dos pais, assumindo o papel parental e estabelecendo posições e funções bem definidas no grupo familiar, respeitando a individualidade.
Estabelecer regras básicas.
Os filhos têm de saber o que é, ou não, aceitável, aprendendo que todas as más condutas terão consequências, assim como todas as boas condutas terão de ser devidamente reconhecidas.
Nunca recorrer a comparações. As comparações fazem os filhos sentirem-se inseguros e ver no(s) irmão(s) um alvo a vencer.
Pessoas autónomas, independentes, saudáveis, que mantêm sentimentos e vínculos afetivos, propiciam uma convivência diária mais harmoniosa.
A família é a base indispensável para toda a sociedade, um valor primordial para a humanização do ser.
O futuro de todos nós passa pela construção plena da família.
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