PRECISO DE UM PACEMAKER…
Fui a uma consulta de cardiologia e o médico disse-me que necessito da implantação de um pacemaker porque padeço de bradirritmia, ou seja, tenho uma frequência cardíaca baixa, em relação ao normal. Esta situação, em casos extremos, poderá levar à paragem cardíaca, podendo afetar a irrigação do cérebro e dos restantes órgãos do corpo.
O que é um pacemaker?
Um pacemaker cardíaco é um pequeno aparelho metálico com bateria (poderá pesar entre 20g a 50g) que, através de impulsos elétricos, ajuda o coração a ter um ritmo normal. É do tamanho de uma caixa de fósforos e não provoca rejeição. A bateria ou pilha do pacemaker dura entre 6 a 10 anos, mas a necessidade de a mudar deteta-se com muita antecedência, aquando das revisões periódicas ao aparelho.
Um pacemaker pode melhorar significativamente a qualidade de vida, tornando-a mais ativa e saudável, podendo mesmo salvar vidas.
Como se implanta um pacemaker?
O pacemaker é implantado no Centro de Cardiologia Avançada (CCA), onde estará o médico cardiologista que irá realizar o procedimento, com a ajuda de um enfermeiro e de um técnico para programar o dispositivo.
O pacemaker é colocado sob o efeito de anestesia local e com o auxílio de raio-X. É um procedimento realizado com o doente acordado, podendo ouvir e comunicar com a equipa. Existirá um campo esterilizado sobre a cabeça do paciente, para isolar a zona da incisão e impossibilitar que aquele veja a implantação. Apesar da anestesia local, poderá existir algum desconforto e pressão durante a implantação.
É realizada uma incisão de 3 cm de comprimento, abaixo da clavícula, debaixo da pele, onde serão introduzidos eletrocateteres (fios que vão estimular o coração), através de uma veia até ao coração. Estes fios são ligados ao pacemaker, que irá estimular o coração, de acordo com as suas necessidades.
Esta implantação consiste num procedimento curto, durando, em média, 40 a 60 minutos. Após a sua colocação, o doente regressa ao internamento, onde permanece algumas horas em observação, tendo alta no dia seguinte, após avaliação do aparelho por parte do médico cardiologista.
Como é feita a preparação antes da implantação?
Depois de dar entrada na Casa de Saúde da Boavista, o doente é levado para o internamento, onde é preparado para ir para o CCA.
A preparação passa por:
1. Estar em jejum.
2. Despir a roupa e vestir uma bata.
3. Fazer a depilação da zona do peito onde se vai colocar o pacemaker, no caso dos homens.
O enfermeiro irá colocar um cateter numa veia, para poder ser administrada medicação analgésica.
Que complicações e riscos podem resultar deste procedimento?
Qualquer procedimento cirúrgico pode ter complicações, embora, neste caso, sejam raras. Após a implantação, as complicações mais comuns são hemorragia/hematoma, infeção no local da implantação e deslocamento do eletrocateter.
Que cuidados devo ter depois da implantação do pacemaker?
Durante o 1º mês, após a implantação do pacemaker, não deverá fazer esforços com o braço do lado em que foi implantado o aparelho. Deve evitar levantar o braço acima do ombro, pegar em objetos pesados e dormir deitado para o lado do aparelho.
Deve fazer o penso do local de incisão, segundo as indicações do enfermeiro, para evitar o aparecimento de infeções.
Após o 1º mês, se não existirem complicações, pode realizar uma vida normal tal como fazia antes da implantação.
Deve andar SEMPRE com o cartão de portador de pacemaker. Esse cartão será fornecido pelo médico cardiologista, no dia da alta hospitalar.
Nele constam informações importantes, tais como, data do implante; tipo e modelo do dispositivo; informação do local onde este foi colocado; tipo e característica da programação do aparelho e nome do médico responsável.
Posso ter o mesmo estilo de vida que tinha antes de colocar o pacemaker?
Sim, pode fazer as mesmas coisas que fazia antes. Este dispositivo tem como finalidade garantir uma maior autonomia ao doente e eliminar sintomas, como cansaço fácil, tonturas, desmaios. Em relação ao desporto, este deve ser praticado sempre sob orientação médica.
Posso ouvir ou sentir o meu pacemaker?
Após a implantação, é natural sentir algum desconforto no local do aparelho, uma vez que é um corpo estranho ao seu organismo. Com o tempo, esse desconforto tem tendência a desaparecer. O pacemaker não emite sons.
A minha vida sexual pode ficar alterada após a colocação do pacemaker?
Não, pelo contrário. Com o pacemaker a sua frequência cardíaca vai normalizar e o cansaço, as tonturas ou desmaios que tinha irão desaparecer. Irá ser fornecida mais energia ao organismo e a sua performance poderá até melhorar.
Posso viajar de avião tendo um pacemaker implantado?
Sim. Ter um pacemaker não interfere com os campos magnéticos de navegação aérea, assim como estes não interferem com a programação do dispositivo.
No entanto, deverá ter apenas alguns cuidados ao passar pelos detetores de alarmes. Alguns desses detetores dos aeroportos e de algumas lojas poderão criar campos magnéticos que, em casos muito raros, podem alterar a programação destes aparelhos. O ideal será que passe pelos detetores a um passo normal e evite ficar parado no meio deles.
Como este é um dispositivo metálico, é natural que ative os alarmes, devendo avisar sempre a segurança que é portador de pacemaker e, se necessário, mostrar o seu cartão de portador de pacemaker.
Que equipamentos elétricos posso usar?
Pode usar a maioria dos seus eletrodomésticos, incluindo micro-ondas, facas elétricas, fogão, TV, rádio, escova de dentes elétrica, torradeira, cobertores elétricos, etc.
Sempre que for ao médico ou realizar um exame de diagnóstico que recorra a equipamentos elétricos, deverá avisar o médico/técnico que é portador de pacemaker.
Como é que eu sei se o meu pacemaker está a funcionar bem?
O pacemaker tem um tempo de vida longo, mas necessita de avaliação periódica, para verificar a sua bateria e o seu correto funcionamento. Quando o pacemaker não funciona bem, poderão aparecer alguns sintomas, aos quais deverá estar atento. São exemplos desses sintomas dificuldade em respirar; o ganho de peso; inchaço das pernas e dos tornozelos; desmaios ou tonturas. Nestes casos, entre em contacto com o seu médico assistente, pois a bateria e/ou os cabos poderão ter de ser substituídos.
